Para os benfiquistas, a época 2007/2008 acabou muito antes de Maio.
Para cada adepto, deverá ter diferido, naturalmente, o momento exacto em que isso aconteceu.
No meu caso, a temporada de horror expirou quando Rui Costa deu um abraço a Camacho, felicitando-o pela vitória num jogo contra a União de Leiria.
Algo está mesmo mal quando um treinador é consolado por um jogador com um género de
"Estás a ver? Achavas que não íamos conseguir mas conseguimos! Vá, tu és capaz!"
um bocado como se faz com um miúdo descrente de não ter o que é preciso para se lançar do escorrega, mas que acaba por ser empurrado e não tem outra solução senão sair vitorioso.
Pensei
"Pronto, estamos arrumados."
e logo me preparei para o que aí viria como pude.
Mudei a minha expectativa: para mim, o Benfica já não precisava de ganhar os restantes jogos e passei a encarar cada sessão seguinte de 90 minutos saída da cabeça do Chalana com desportivismo.
A treta do
"Isto é só desporto."
ou
"Isto é só um jogo"
na atitude mais decadente, como se sabe, que um adepto pode ter.
O resto do caminho, mesmo assim, não deixou de ser penoso.
Nos momentos de crise, e não me orgulho disto, cheguei a estar soterrado mais abaixo do que o fundo do poço.
O exemplo mais tenebroso dessa altura, que hoje me dói só de lembrar, foi desejar que o Fernando Santos nunca tivesse deixado de ser treinador do Benfica.
Mesmo assim, há sempre coisas boas nisto: não precisei de medicação nem me envolvi em confrontos físicos com alguém só para descarregar, se bem que depois de ouvir uma ou outra conferência de imprensa do Chalana isso tivesse quase acontecido.
O Chalana é bom benfiquista. Aquilo que foi o período em que orientou a equipa deve ter sido bem mais penoso para ele do que para nós.
É impossível chamar nomes a alguém como o Chalana por ser o burro ou o ignorante táctico que é. O Chalana é um companheiro que chegou até a ficar dois dias em casa doente após o final da época. Gripe, disseram eles. Pode ter sido ou pode não ter sido.
O futebol é, com as estações do ano, a coisa mais certa da nossa vida. Tudo o resto pode mudar ou desaparecer, mas haverá sempre uma época nova no Benfica para começar, onde, ao modo da renovação da natureza após o Inverno, podemos apostar novas esperanças, passar uma esponja sobre o passado e acreditar nos melhores resultados.
Aliás, a Primavera começou com a noticia da chegada de um hermano chamado "Flores". Bom augúrio?
1 comentário:
Está bonito!
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