24/02/2006

Benfica - Porto

E no domingo lá estarei, no meu lugar cativo, no meio daquela gente toda, a assistir a mais 90 minutos de futebol pobre do Benfica. Não será pela defesa que irei, mais uma vez, dar o meu tempo por mal empregue, maldizendo a minha vida e a minha burrice por ter mais uma vez ter caído na esparrela de acreditar que seria desta que iria ver um bom jogo de futebol dos encarnados, prescindindo assim de um bom serão passado com a família, preparando o corpinho para mais uma dura semana de trabalho que começa às 6,15 da manhã de cada segunda-feira com despertares difíceis. Não será, como dizia, pela defesa que a coisa correrá mal, parece-me. O Nelson deve render o Alcides e, se não render, não faz mal.
O problema começa um pouco mais à frente. Aquela atrapalhação toda do Beto, com a bola a fugir-lhe dos pés, cheia de um medo mais que compreensível dos habituais maus tratos do brasileiro esforçado e incapaz como ninguém. Consigo, os dois a jogar um pouco à frente de Petit, estará o drunfado Manuel Fernandes, meio alheio ao que se passa, com capacidade de reacção de funcionário público perante a pressão dos adversários, perdendo as bolas de um modo infantil como só ele tem conseguido saber fazer esta época, não sendo carne nem peixe, andando só por ali, desinteressado, como qualquer suburbano, que ele é, a fazer tempo para apanhar o barco ou o comboio ao final do dia.
Poderia surgir a ideia de Karagounis ou Karyaka. Enfim, alguém que tivesse mais um pouco de saber e qualidade no tratamento da bola do que estes dois criminosos do mau futebol infiltrados no onze inicial do Benfica. E, de facto, a ideia surge. Mas surge pouco ou nada. Sabemos que Koeman não gosta nenhum Kapa que não o que inicia o seu nome.
A frustração maior, pelo que pode fazer mas não faz, virá, todavia, de Simão. O imprestável ala, considerado imprescindível apesar de não fazer nada há mais de dez jogos, sabe que tem o seu lugar bem seguro. Quer dizer, tem lugar cativo na Luz, só que a diferença é que ele, notoriamente, não é benfiquista como os mais de 30 que lá estão. Simão nunca será substituído, assim como Nuno Gomes, outro cativo a quem pagam para não fazer nada de jeito há 1945 anos. Pronto, ok, não é bem assim, mas estou chateado e é isto que me sai.
Talvez o único sorriso possa vir a ser causado por Robert ou Manduca. E por aqui se vê o grau de desespero deste vosso escriba. Quando a esperança vem de Manduca, que mais haverá a dizer?
O que nos vale é que o Porto falha sempre nos jogos grandes.

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