10/12/2004

Olhos a condizer

Nos meus tempos de miúdo, com as bolas de “catchumbo” e da rua quase sem carros para podermos fazer os nossos “desafios”, o azul significava Belenenses. Assim como o vermelho era Benfica e o verde Sporting, a cor do céu ligava automaticamente ao clube de Belém. Do Porto, os outros azuis, quase não se ouvia falar então. Estava ainda a começar o ressurgimento da década de oitenta. Aliás, eu não conhecia pessoalmente nenhum adepto portista. Do Belenenses sim. Havia, por exemplo, o avô do Alcides, o craque da rua, que era ferrenho Belenenses e se metia com a miudagem, dividida quase a meio entre águias e leões. Estava então em voga uma expressão que reflectia essa posse do azul por parte do emblema da Cruz de Cristo. Quando alguém tinha um olho pisado dizia-se que tinha um “olho à Belenenses”. Ou quando queríamos ameaçar um adversário mais obstinado prometíamos pôr-lhe um “olho à Belenenses”.
Não saindo do espaço da metáfora desportiva, acho que esta é uma boa altura para o Benfica relembrar a velha expressão e deixar o adversário de Domingo com duas recordações da cor camisola. Os “boxeurs” de serviço podem ser Simão e Karadas.

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