No bar, na hora do café, sou quase insultado pelos meus colegas por defender algumas opções de Trappatoni. O ambiente destila “esfola e mata”, e quem não concordar com a total nulidade do italiano é olhado como inimigo do clube. Percebo que o jogo de ontem marcou o corte definitivo entre Trapp e os adeptos. O resultado e a exibição significam o fim da ligação contratual ao Benfica, no final da temporada. E aceito a justeza da separação. Independentemente dos troféus que venha a ganhar (e acredito que vai ganhar), Trapp não conseguiu dar a consistência e o “clic” europeu que o Benfica tanto precisa. Só que concordar com isto não é sinónimo de ver tudo mau no trabalho do treinador italiano. Existem coisas boas. Por alguma razão, mesmo reconhecendo o demérito dos adversários, o Benfica lidera a Super Liga.
Entre as qualidades de Trapp contam-se a experiência e o conhecimento profundo da psicologia dos jogadores.
Quando se exalta e, com um murro na mesa, grita para os jornalistas que “o Benfica jogou muito bem”, ele não está a imitar o ex-ministro iraquiano da informação. Ele sabe que os encarnados jogaram menos do que era preciso, falhando sobretudo no ataque. Mas também sabe que a equipa não consegue dar muito mais, e que o jogadores se esforçaram e quiseram vencer. Torna-se, portanto, necessário defender o grupo e dar-lhe confiança. E, nesta perspectiva, talvez seja verdade que o Benfica jogou bem. Ou seja, aproximou-se do seu limite. Faltou apenas um Simão e um Miguel em forma, e um Dos Santos no lugar do Fyssas - e a táctica, claro, mas isso são outras contas.
Aguardemos agora por Segunda-feira à noite para constatar a eficácia dos murros na mesa. Mas era óptimo que eles tivessem o mesmo efeito de há alguns anos atrás em Munique, quando Trappatoni comandava o Bayern local. Nessa altura o italiano enfrentou, da mesma forma, Matthaus e os craques da equipa. E saiu vitorioso.
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