03/08/2005

A questão do ponta de lança



A questão do ponta da lança é importante porque só temos o Nuno Gomes, que é o mesmo que não ter nada, como se sabe, e o Mantorras. Não sou um admirador de Nuno Gomes. Aliás, admito que acho que o Nuno Gomes é uma porcaria de ponta-de-lança. Não percebo qual é o seu estatuto naquela equipa. Já me disseram que no contrato que ele tem com o SLB há uma cláusula que diz que ele tem de jogar em todos as partidas. Se for assim, paciência. Lá teremos de sofrer a vê-lo não conseguir receber uma bola em condições, a rematar frouxo, a jogar a medo e sem sentido de baliza, embrenhado na renda do toquezinho subtil e sempre, mas sempre, de costas para a baliza cheio de medo do destino maior de marcar um golito que seja. O Nuno Gomes é uma fraude porque é um ponta de lança mediano que teve sorte num Europeu há uns anos atrás. Qual a diferença entre, digamos, João Tomás (que ninguém gosta), ou mesmo Karadas (que toda a gente acha tosco) e o Nuno Gomes? Os dois primeiros marcam golos e o Nuno não. Mas afinal o que é que é necessário para se jogar como ponta de lança do SLB? A eficácia não parece ser requisito. Deve ser outra coisa qualquer que ainda não percebi. Quer dizer, um tipo vê o jogo de ontem, e lê hoje os jornais desportivos, e nota que há algo estranho nisto tudo. O Karadas não recepciona bem a bola, mas o Nuno Gomes também não. No entanto, do Karadas diz-se de um modo paternalista que é limitado tecnicamente. Do Nuno Gomes diz-se que esteve muito desamparado lá na frente (coitado do nosso menino) e que as bolas não lhe chegaram em condições. Quer dizer, é impossivel um tipo ser fã do Karadas, bem sei. MAs, enfim, o gajo marcava golos...
Quanto ao Mantorras não haverá muito a dizer. Marca golos aqui e ali, em movimentações sempre a meio caminho entre a performance circense e a dança em festa angolana de fim de semana num segundo andar do Cacém noite dentro. O Mantorras é um homem menino que só conhece o imediato e, por isso, esperar algo concreto dele não faz sentido. Pode passar o tempo que estiver em campo a atirar-se para o chão, a rematar de fora da área ou em investidas de pernas altas aracnídeas, dançando (ou lá o que é aquilo) em um para um desconcertantes. Com o Mantorras nós sabemos uma coisa: é que nem ele sabe bem o que faz. Dá-lhe para ali e ele nem pensa. O jogar à bola acontece-lhe. Isso não é mau, reconheço. Mas gostava mesmo era que marcasse golos atrás de golos.
Por mim, tentava-se encostar o Nuno Gomes o mais rápido possível ao banco (ou à bancada junto dos não convocados) e apostava-se no Mantorras.

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