13/09/2007

Fim de ciclo

Não defendo Scolari, porque não é possível defender Scolari. Há um gesto, ainda por cima ampliado mil vezes pelo mediatismo do momento, que não pode ficar sem consequências. O seleccionador nacional tentou agredir o jogador sérvio (e digo “tentou” porque uma agressão implica violência e não apenas o simples, e eventual, toque). E Isso é grave. Mais ainda porque, como líder, Scolari tem que dar o exemplo. Mas se não defendo o treinador brasileiro, também acho que a punição pelo acto impensado que praticou deve ter em conta a gratidão que lhe é devida pelos serviços prestados ao futebol português. Se alguém já se esqueceu do que era a selecção no tempo de António Oliveira, o antecessor, deve ir rapidamente aos arquivos para relembrar. Scolari limpou o que parecia impossível de limpar, tornou a selecção em algo mais do que uma equipa de futebol e liderou o melhor período de sempre da “equipa das quinas” (um segundo lugar no Europeu e um quarto no Mundial). Estes factos não podem ser esquecidos, sob pena de se estar a praticar um acto de profunda ingratidão.
Se a saída de Scolari é inevitável, e tudo aponta para isso, então que se escolha o momento que garanta dignidade para ambas as partes. E esse momento poderá ser o fim da fase de qualificação para o Europeu (Novembro próximo). Por causa do castigo da UEFA, é pouco provável que o brasileiro volte a sentar-se no banco português. Deixe-se, então, que conclua o seu trabalho, não sendo expulso a meio como um aluno malcomportado. O acto grave não passa em claro e o excelente trabalho produzido por Scolari é tomado em conta.
Quanto ao substituto, a minha preferência vai para Manuel José.

Nota: vejo a cena de ontem na íntegra e verifico, com alguma surpresa, que a única agressão foi feita pelo jogador sérvio, dando uma palmada na mão de Scolari. Este tentou responder , mas não consumou o acto. Nada como deixar passar a tempestade, e as vozes dos abutres, para perceber o que se passou. Responder a uma agressão não é a mesma coisa que tentar agredir. A UEFA certamente vai ter isso em conta.

Sem comentários: